MELD

Dr. Stéfano Gonçalves Jorge

O MELD (Model for End-Stage Liver Disease) e o PELD (Pediatric End-Stage Liver Disease) são sistemas de pontuação utilizados para avaliar a gravidade da doença hepática e estimar o risco de mortalidade em pacientes com falência do órgão. O MELD foi desenvolvido inicialmente para prever o prognóstico após colocação de TIPS, mas rapidamente se tornou a principal ferramenta para priorização de pacientes adultos na lista de transplante hepático. Já o PELD é sua versão adaptada para crianças, levando em conta características específicas como idade, crescimento e albumina, refletindo particularidades da doença hepática pediátrica. Ambos os escores utilizam dados laboratoriais objetivos — como bilirrubina, RNI e creatinina — para calcular um valor numérico que representa a gravidade da doença.

Calculadora MELD (link). O valor de MELD vai de 6 a 40.

Na prática, quanto maior o valor do MELD ou PELD, mais grave é a doença hepática e maior a necessidade de transplante. Esses escores ajudam a garantir justiça e transparência na distribuição de órgãos, priorizando os pacientes com maior risco de mortalidade a curto prazo. Eles também são úteis para acompanhamento clínico, tomada de decisões terapêuticas e estimativa de prognóstico, permitindo que equipes médicas identifiquem e encaminhem precocemente os pacientes que podem se beneficiar de avaliações especializadas para transplante hepático.

Geralmente recomenda-se o encaminhamento do paciente com doença hepática avançada para avaliação por equipe de transplante hepático quando o MELD atinge o valor de 15, quando o transplante seria ideal. Infelizmente, por falta de disponibilidade de órgãos, o transplante no Brasil geralmente só acontece quando o MELD chega entre 30 e 40.

Nos últimos anos, avanços têm complementado e aprimorado esse sistema tradicional. O MELD-Na incorporou o sódio sérico, melhorando a precisão prognóstica em pacientes com cirrose avançada. O MELD 3.0 é a versão mais recente do escore MELD ( Model for End‑Stage Liver Disease ), criado para estimar o risco de mortalidade a curto prazo em pacientes com doença hepática crônica grave e para priorização de transplante. Essa nova versão incorpora variáveis adicionais que não estavam no MELD clássico ou no MELD‑Na — por exemplo, o sexo do paciente (com atribuição de pontos adicionais para mulheres) e o nível de albumina sérica. Além disso, houve ajustes nas funções logarítmicas e nos limites máximos de creatinina (ex: teto menor) para melhorar a precisão. No futuro breve, provavelmente utilizaremos biomarcadores adicionais, inteligência artificial e modelos ajustados para diferentes etiologias e contextos clínicos.