Dra. Adriana Maria Alves De Tommaso
CONCEITO
É o resultado final de um processo inflamatório destrutivo que afeta os ductos biliares intra e extra-hepáticos levando a fibrose e obliteração do trato biliar em qualquer ponto do porta-hepatis até o duodeno.
INCIDÊNCIA
1/8000-14000 nascidos vivos.
Causa mais comum de colestase crônica na infância e a mais freqüente indicação de transplante hepático nesta faixa etária
DOIS TIPOS
- Tipo embriônico ou fetal: início precoce da colestase, com icterícia desde o nascimento. Pode se associar a outras anomalias congênitas.
- Tipo perinatal ou “adquirido”: maioria dos casos, colestase de início mais tardio, sem anomalias associadas.
ETIOLOGIA
Desconhecida. Defeitos na organogênese podem ser incriminados em menos de 15% dos casos. Não se demonstrou ligação com radiação ionizante ou drogas teratogênicas bem como não há evidência de lesão isquêmica e nenhuma alteração específica no metabolismo dos ácidos biliares foi identificada. Fatores sazonais têm sido pesquisados. Estudos com HLA também têm sido conduzidos sem resultados definitivos. Tem-se proposto uma participação viral na etiopatogenia da AVBEH. Esta hipótese foi sugerida pelos achados de histopatologia.
Por vários meses após o nascimento, a atividade e a nutrição permanecem normais mas, esses fatores declinam progressivamente com média de sobrevida, em pacientes não tratados, em torno de 19 meses. Sem drenagem biliar a sobrevida em 3 anos é menor de 10%.
HISTOLOGIA
Estase biliar, distorção dos cordões de hepatócitos, transformação gigantocelular, necrose focal dos hepatócitos e fibrose intralobular são os achados histológicos vistos no parênquima dos pacientes com AVBEH. Essas alterações são semelhantes ao que é visualizado na hepatite neonatal. Por outro lado, o alargamento da área portal com fibrose hepática e edema, proliferação ductular, infiltrado de células inflamatórias e estase biliar de variada intensidade são eminentes no espaço interlobular desses pacientes. Fibrose portal e proliferação ductular são patognomônicos de obstrução biliar.
CLASSIFICAÇÃO
(segundo a aparência macroscópica durante laparotomia)
- Tipo I: atresia do ducto biliar comum com ductos proximais pérvios.
- Tipo II: atresia envolvendo o ducto hepático mas, com ductos proximais pérvios.
- Tipo III: atresia envolvendo os ductos hepáticos direito e esquerdo nos porta-hepatis.
TRATAMENTO
1959: Dr. Morio Kasai – portoenterostomia. Anastomose é feita entre o porta-hepatis e o intestino. Os ductos biliares remanescentes ou tecido fibroso em frente ao ramo D da artéria hepática são cuidadosamente ressecados, liberando um cone de tecido com sua base no porta-hepatis dentro da bifurcação da veia porta. Este cone é, então, cortado rente à superfície do fígado, expondo uma área através da qual a bile pode drenar via canais residuais. Uma alça em Y-de-Roux, com pelo menos 30 cm de comprimento, é trazida do jejuno. Sua extremidade é fechada e uma abertura lateral próxima a essa extremidade é cuidadosamente anastomosada ao redor da área nua do porta-hepatis. Para impedir a colangite ascendente causada pelo refluxo do conteúdo intestinal e organismos intestinais à anastomose biliar, inúmeras modificações têm sido propostas. Resultados melhores quando realizada em torno de 60 dias de vida.
CLASSIFICAÇÃO
(do remanescente fibroso)
- Tipo I: não há epitélio dentro do tecido conjuntivo.
- Tipo II: presença de estruturas glandulares agrupadas com epitélio cuboidal no porta-hepatis ou em qualquer nível do remanescente fibroso.
- Tipo III: presença de ducto biliar comum pequeno mas, seu lúmen é obstruído por macrófagos e o epitélio cilíndrico é descamado. Há infiltrado inflamatório misto no tecido conjuntivo pericanalicular.
Esses diferentes padrões podem ser observados em diferentes níveis entre o porta-hepatis e o duodeno.
RESULTADOS DO PÓS OPERATÓRIO
- Remissão clínica completa (30%)
- Falência completa (30%)
- Drenagem biliar inadequada com persistência da icterícia
- Colangite
- Destruição dos ductos intra-hepáticos
O prognóstico da cirurgia fica na dependência de vários fatores: idade à época da cirurgia, anatomia das vias biliares intra-hepáticas à época da cirurgia, número de episódios de colangite pós-cirúrgica, ocorrência de cirrose biliar e suas complicações, surtos de sangramento gastrointestinal (pioram a função hepática).
Artigo criado em: 2003
Última revisão: 13/05/11 (incluído pôster da campanha)