
De tempos em tempos, à medida que conhecemos melhor algumas doenças, elas acabam mudando de nome para refletir melhor a sua causa, apagar estigmas e tornar a condição mais clara para portadores, médicos e pesquisadores. Esse mês foi publicado, na revista científica Hepatology, um consenso de especialistas sobre novos nomes para as doenças gordurosas do fígado.

A nomenclatura que utilizamos até agora separa bem duas causas de esteatose: a síndrome metabólica (obesidade, hipertensão, dislipidemia e diabetes) e o abuso de álcool. Os especialistas consultados mostraram preocupação de que pessoas com doenças gordurosas causadas por ambos os problemas fossem tratadas inadequadamente, ignorando uma das causas. Outra preocupação é que pacientes com mais de uma causa para a esteatose são excluídos de pesquisas científicas, o que faz com que não saibamos bem que tratamentos são melhores nessa situação.

No novo critério, após o diagnóstico da esteatose (por exame de imagem ou biópsia), deve-se avaliar a presença de síndrome metabólica, ou fatores de risco cardiometabólicos (CMRF): se tem critérios, e não tem mais nenhuma outra causa para o acúmulo de gordura no fígado, segundo a classificação nova trata-se de MASLD (Metabolic Disfunction Associated Steatotic Liver Disease – ou doença hepática esteatótica associada a disfunção metabólica*).

Já se a pessoa tem critérios metabólicos mas ingere álcool em quantidade suficiente para ter lesão no fígado, agora chamamos de MetALD (Metabolic Alcoholic Liver Disease, ou doença hepática alcoólico-metabólica*). Claro, quanto menor o consumo de álcool maior a importância do distúrbio metabólico, e vice versa.

Se a pessoa não tem critérios cardiometabólicos, então trata-se de ALD (Alcohol-Associated Liver Disease – doença hepática alcoólica*) se a única causa for o consumo de álcool (geralmente mais de 30g por dia para homens e 20 g por dia para mulheres).

Mas se a pessoa tem esteatose e foi observada uma causa específica, como hepatite C, hepatite tóxica ou medicamentosa (DILI), doença de Wilson, doença celíaca ou outras, então tem doença hepática esteatótica específica*. Se a causa da esteatose não for descoberta, é considerada doença hepática esteatótica criptogênica*.
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Esteatose hepática
* como a mudança dos nomes é recente, ainda não há posição oficial da Sociedade Brasileira de Hepatologia sobre como esses termos serão traduzidos
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