Galactosemia

Dra. Adriana Maria Alves De Tommaso

INTRODUÇÃO

  • Doença genética rara do metabolismo da galactose.
  • Defeito em uma das enzimas responsáveis pela conversão da galactose em glicose e, dependendo da enzima defeituosa, a doença se manifesta de maneira diferente.
  • Gene descoberto em 1956.
  • É classificada em galactosemia do tipo 1, 2, 3 e a Duarte.
  • Via metabólica:

galactosemia

GALACTOSEMIA TIPO I

  • Deficiência no metabolismo da galactose por deficiência da enzima galactose-1-fosfato uridil transferase.
  • O portador dessa deficiência pode ter danos causados aos rins, ao fígado, ao cérebro e aos ovários.
  • A incidência  é de 1:50.000.
  • Preferencialmente neonatos (assim que se introduz a lactose na sua dieta).
  • Esse acúmulo de galactose-1-fosfato causa danos às células parenquimais dos rins e fígado, cérebro, ovários e olhos:
    • Fígado => Cirrose
    • Rins => Síndrome de Fanconi
    • Cérebro => Retardo mental
    • Ovários => Amenorréia 1ária ou 2ária
    • Olhos => Catarata
  • Os danos podem se iniciar na fase pré-natal a partir da galactose transplacentária vinda da mãe heterozigota.
  • O excesso de galactose é convertido em galactitol, um álcool que é o responsável pela catarata.
  • O acúmulo de galactose-1-fosfato é a causa dos danos aos ovários
  • Principais manifestações:
    • Hepáticas e gastrointestinais: irritabilidade, letargia, vômitos, dificuldade de alimentação, baixo ganho de peso, hepatomegalia, esplenomegalia, ascite, cirrose hepática.
    • Neurológicas: retardo mental, problemas de fala e coordenação motora.
    • Endócrinas: disfunção ovariana com amenorréia 1ária ou 2ária, provável aumento de risco de câncer ovariano.
    • Oculares: catarata.
    • Infecciosas: a galactose inibe a atividade anti-bacteriana dos leucócitos e isso aumenta a freqüência de mortes neonatais por infecção por E. coli.

GALACTOSEMIA TIPO II

  • Deficiência da atividade da galactoquinase.
  • A incidência é de 1:40.000 crianças.
  • Danos principalmente aos olhos.
  • As características clínicas do portador desse tipo de Galactosemia são a presença de catarata e inteligência normal.

GALACTOSEMIA TIPO III

  • Alteração da atividade da uridil difosfo galactose-4-epimerase resultando em duas formas da doença: inicial e grave.
  • Incidência muito rara.
  • Pode ocorrer desde o recém nascido ou no decorrer da infância.
  • Forma inicial: pacientes assintomáticos. A enzima deficiente apenas nas células do sangue, sendo normal nos outros tecidos. A descoberta casual em teste neonatal onde a galactose-1-fosfato está elevada.
  • Forma grave: pacientes com sintomas clínicos idênticos à forma clássica da Galactosemia (tipo 1). A enzima deficiente nas células sangüíneas e também nos fibroblastos ( onde sua atividade é menor que 10% do normal).

GALACTOSEMIA DUARTE

  • Existem 2 formas diferentes: Duarte-1 (atividade 150% superior à normal) e Duarte-2 (50% da atividade normal). Muitas crianças possuem a variante clássica (herdada de um pai) e a variante Duarte (herdada do outro pai) e são chamadas variantes DG, com atividade da enzima entre 14 e 25% do normal.
  • Diagnóstico nas primeiras semanas de vida, com atividade da GALT de 25-50%.
  • Controvérsia com relação à restrição dietética. Alguns serviços fazem restrição até 1 ano => reintrodução gradativa com dosagem da enzima. Em estudo recente (2017),  Lynch e colaboradores, ao avaliar 10 crianças com galactosemia DG detectaram sutis, mas déficits de desenvolvimento potencialmente problemáticos. Talvez a restrição deva se extender além de 1 ano de díade, mas ainda são necessários mais estudos.

Diagnóstico:

  • Pesquisa de substância redutoras na urina (exame de triagem).
  • Dosagem da enzima.
  • Biópsia hepática.
  • O teste de tolerância à galactose é contra-indicado, uma vez que pode ser fatal ao paciente portador de Galactosemia.

Tratamento:

  • Dieta livre de galactose e lactose.
  • Mais intensa no tipo 1 e na forma grave do tipo 3.
  • Monitoramento constante do nível de galactose e de seus metabólitos no sangue.
  • Monitoramento multidisciplinar.

 

TRATAMENTO

  • Dieta livre de galactose e lactose.
  • Mais intensa no tipo 1 e na forma grave do tipo 3.
  • Monitoramento constante do nível de galactose e de seus metabólitos no sangue.
  • Monitoramento multidisciplinar.

DIETA

galactosemia2

galactosemia3

PROGNÓSTICO

  • Varia em função do tipo de Galactosemia.
  • Galactosemia tipo 1 e forma grave da Galactosemia tipo 3: mesmo que o tratamento seja realizado corretamente, deve ocorrer na criança uma baixa intelectualidade, problemas de fala e disfunções ovarianas nas meninas.
  • Galactosemia tipo 2: a dieta rígida pode reverter cataratas formadas por causa da doença.
  • A forma inicial da Galactosemia tipo 3, por sua vez, apresenta bom prognóstico caso seja realizado seriamente o tratamento previsto por um diagnóstico precoce.

Artigo criado em 12/11/06
Última revisão: 21/06/2020